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Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Escrito por Dafne Lougon

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência é celebrado todos os anos no dia 11 de fevereiro. É uma iniciativa da UNESCO e ONU Mulheres, em colaboração com instituições que promovem o acesso e a participação de mulheres e meninas na ciência. A data foi aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 22 de dezembro de 2015 e é um marco na promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres, sobretudo nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Esse dia é um lembrete de que as mulheres e as meninas desempenham um papel fundamental nas comunidades da ciência e tecnologia e que a sua participação deve ser fortalecida.

Dados de 2020 de uma pesquisa da UNESCO sobre a participação das mulheres na ciência mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a igualdade de gênero nesse campo se torne realidade. De acordo com os dados divulgados, as mulheres representam apenas 28% dos pesquisadores no mundo e o número de mulheres reconhecidas como líderes permanece baixo.

Ao longo da história, o papel da mulher na ciência foi expressivo e as suas contribuições científicas se manifestaram nas mais diversas áreas do conhecimento. São muitos nomes importantes em diferentes áreas como agronomia, astrologia, geologia, física, química e tecnologia. Entretanto, dentre todas as pessoas laureadas com um Prêmio Nobel pouquíssimas são mulheres. Na realidade há também grandes nomes de mulheres envolvidas com descobertas incríveis dentro do universo científico. Relembrando algumas delas temos:

  • A brilhante Marie Curie que foi pioneira nos estudos sobre a teoria da radioatividade, fez a descoberta de dois novos elementos químicos, foi a primeira mulher laureada com um Prêmio Nobel e primeira pessoa a receber duas vezes este prêmio, sendo um de Física e o outro de Química em 1903 e 1911, respectivamente.

  • Rosalyn Yalow, que mesmo com tanta discriminação na época conseguiu desenvolver o Radioimunoensaio. Este é um método que consegue detectar baixíssimas quantidades de hormônios no sangue pelo uso de radioisótopos, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1977.

  • Ada E. Yonath, premiada em 2009 com o Nobel de Química pelos estudos sobre ribossomo por cristalografia de raio X, que foram importantíssimos para os estudos em criação de antibióticos. Foi a primeira mulher do Oriente Médio a conseguir este prêmio!

  • Temos também a descoberta do DNA, dos cromossomos X e Y e do vírus HIV que também foram conquistas femininas.

 

Entrevista com a professora Leda Castilho da COPPE/UFRJ


Com o objetivo de inspirar e engajar outras meninas a seguirem na área científica e tecnológica, realizamos uma entrevista com Leda Castilho, professora da COPPE/UFRJ, então #VemComALema dar uma olhada!

Primeiramente, perguntamos à professora Leda como ela via o papel da mulher na ciência e se ela tinha alguma inspiração. Ela nos contou que em um congresso de Biotecnologia no Japão, ficou surpresa com a forte predominância de homens, enquanto no nosso País congressos de Biotecnologia e de Engenharia Química têm um público bem distribuído entre mulheres e homens. Segundo ela, o fato de que no Brasil a pesquisa é feita majoritariamente nas universidades públicas, onde o acesso à carreira de professor/pesquisador é por concurso público e permite a participação de candidatos no início da carreira, talvez explique porque no Brasil a desigualdade de gênero na ciência, embora ainda exista, é menor do que em outros países. Leda destaca também que ainda estamos distantes da situação onde queremos chegar, mas temos muitas cientistas mulheres que fizeram e farão a diferença.

Diz que não tem especificamente uma mulher cientista que a tenha inspirado. Entretanto, veio de uma família que sua avó, engenheira civil formada em uma turma de apenas duas mulheres, sempre foi uma mulher com destaque em sua profissão, tanto na empresa pública em que trabalhou como em conselhos de associações profissionais para os quais foi eleita pelos pares. Com isso nunca viu como limitação o fato de ser mulher. Por outro lado, ela sempre ouviu de seu avô que deveria se esforçar para ser boa tecnicamente na profissão que escolhesse, pois assim as pessoas a respeitariam independente das circunstâncias. Isso sempre a incentivou a ser uma boa aluna para que ela pudesse ter o que quisesse.

Leda não pôde deixar de comentar que durante 6 anos, foi responsável por uma turma na EQ de uma disciplina do primeiro período. Exatamente no meio deste período, foram introduzidas as cotas e o ingresso via ENEM e SiSU (Sistema de Seleção Unificada), de alcance nacional. Ela observou que as turmas passaram a ter "as cores e os sotaques do Brasil", mas que a qualidade em nada mudou, visto que a nota média das turmas se manteve constante ao longo dos 12 semestres, antes e após as mudanças. Ela considera esta democratização ao acesso às universidades públicas um avanço importante no sentido de mitigar injustas desigualdades de oportunidades, permitindo que o Brasil deixe de perder talentos em decorrência da desigualdade social, como historicamente sempre ocorreu em nosso País.

Ela nos contou que se sentiu muito feliz em ter o reconhecimento do trabalho duro, quando foi agraciada com diferentes prêmios. E com isso, diz que há diversas oportunidades de iniciação científica em institutos e faculdades tanto para graduação quanto para ensino médio, então é possível começar a fazer ciência desde a infância/adolescência.

Para encerrar, pedimos que a professora Leda Castilho deixasse uma frase de motivação para todas nós meninas e mulheres que desejam fazer ou já fazem parte da ciência:

“Duas coisas que temos que levar em consideração é que a gente vai fazer bem aquilo que a gente gosta, então essa é uma premissa. A segunda premissa na minha opinião é uma frase do Albert Einstein que diz: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” pois na vida real você tem que trabalhar muito para ter sucesso.”, concluiu.

 

Biografia da professora Leda Castilho:

Possui graduação e mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado em Engenharia Bioquímica pela Technical University of Braunschweig (Alemanha). Atuou como pesquisadora visitante na University of Bielefeld (Alemanha) em 2011 e no Vaccine Research Center (VRC) do National Institutes of Health (NIH, EUA) em 2016/2017. Atualmente é professora do Programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ, onde coordena o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC). Além disso, também é docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica do IQ/UFRJ. Tem experiência na área de Engenharia Bioquímica e Biotecnologia Farmacêutica, com ênfase na produção de biofármacos e vacinas.

 

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